Faleceu o Jornalista António Graça

Faleceu na passada quarta-feira, dia 27, aos 76 anos, o jornalista António Graça, que cumpriu grande parte da sua carreira no Jornal de Notícias, na secção de desporto.

A missa do sétimo dia será celebrada na terça-feira, dia 3 de outubro, às 18.30 horas, na igreja Paroquial da Foz.

António Graça fez durante vários anos a cobertura jornalística do Boavista durante muitos anos e foi enviado especial do JN ao Mundial Sub-20, na Nigéria, em 1999. Depois de décadas ligado ao jornalismo e ao JN, ainda trabalhou na Junta de Freguesia de Ramalde.

António Lopes Azevedo Graça nasceu a 6 de abril de 1947 e era natural do Porto (Foz). Deixa uma imagem de grande profissionalismo e de um homem muito próximo da família, particularmente das filhas Sandra e Ana Paula.

(Fonte: Jornal de Notícias)

CNID assina protocolo com Universidade Fernando Pessoa para monitorizar a violência sobre jornalistas

O presidente do CNID ladeado pelo Prof. Salvato Trigo (esq) e Prof. Daniel Seabra na assinatura do protocolo (Foto Universidade Fernando Pessoa)

O CNID- Associação dos Jornalistas de Desporto tornou-se parceiro da Universidade Fernando Pessoa (UFP) ao assinar um protocolo para ajudar a monitorizar a violência sobre Jornalistas a trabalharem em contexto de desporto.

O facto de o prof. Daniel Seabra, que há muito se dedica ao estudo das claques de clubes desportivos e à violência no desporto, pertencer àquela universidade portuense foi um argumento fundamental para o CNID se juntar a este observatório, que assinou na semana passada um protocolo com a APAF (Associação portuguesa de Árbitros de Futebol).

O prof. Salvato Trigo, presidente da Fundação Ensino e Cultura Fernando Pessoa, assinou pessoalmente o protocolo, tendo palavras de muito apreço para com o CNID. A UFP é uma instituição de ensino superior que tem sabido fazer um importante caminho e nomeadamente com forte ligação ao desporto e tem um corpo docente com mais de 80 por cento de doutorados.

O protocolo prevê que o CNID forneça à UFP dados que for coligindo anualmente sobre violência exercida sobre jornalistas em contexto de desporto, de forma a ter uma ideia mais segura desse fenómeno muito negativo que tem estado associado ao desporto. A UFP, através do prof. Daniel Seabra e da sua estrutura estudará os números e anualmente fará uma análise com o CNID que pode, inclusivamente, tomar a forma de conferência. Os jornalistas que forem vítimas de violência e que o desejarem podem ser também alvo de avaliação psicológica por parte da Clínica Pedagógica de Psicologia da UFP.

 

IPDJ quer apoio dos Media para pôr o povo a mexer-se mais

Vitor Pataco no Jamor, na terça dia 19, na apresentação da Semana Europeia do Desporto (Foto Carlos Matos/IPDJ)

“Precisamos dos Jornalistas e dos Órgãos de Comunicação Social para melhorarmos claramente um problema que Portugal tem – e que também é um problema europeu – que é o da pouca atividade física dos cidadãos”, disse o presidente do Instituto Português do Desporto e a Juventude.

Vitor Pataco encontrou-se terça-feira, dia 19, no Edifício da Canoagem, no Jamor, com um grupo de editores de vários órgãos de comunicação, e também com a presença do presidente do CNID-Associação dos Jornalistas de Desporto, no quadro também da apresentação da Semana Europeia do Desporto, que este ano se realizará de 23 a 30 deste mês e conta com mais de duas mil iniciativas formais.

Portugal aparece sempre nas últimas posições do Eurobarómetro quando se trata de medir a atividade física dos cidadãos, embora estudos recentes mostrem que, se se utilizarem outros métodos e outras perguntas, na realidade comparamos bem com os outros países europeus. Ainda assim, há um problema porque os níveis ainda são relativamente baixos que se traduz depois em gastos na saúde e não só.

Em Portugal, a estrutura passa por clubes, autarquias, estado e o IPDJ quer ter uma ligação direta aos cidadãos. “Para isso precisamos muito de vocês, Jornalistas. Vamos ter campanhas publicitárias para divulgar, mas só isso não chega, precisamos que a mensagem passe com fluidez, através da vossa criatividade, da vossa iniciativa, da inteligência. Temos que levar mais gente para a coluna dos ativos e isso só se consegue com o envolvimento de todos”, disse ainda o presidente do IPDJ, que falou ainda de uma ferramenta importante. Nomeadamente o Portal SUAVA (Sistema Universal de Apoio à Vida Ativa) que recolherá todos os dados relativos a esta matéria, dados esses que estarão à disposição de quem os quiser consultar. Trata-se de um investimento forte, de 2,7 milhões de eurps. O programa Be Avctive, que é da Comissão Europeia, tem em Portugal vários embaixadores como os cantores Anjos, Joana Schenker, Ana Cabecinha, Diana Gomes e vários outros, que o IPDJ tentará que possam ter uma participação mais ativa e com mais exposição mediática.

SEMANA EUROPEIA DO DESPORTO

Na mesma altura, Vitor Pataco apresentou a 7ª Semana Europeia do Desporto, que tem mais de duas mil iniciativas por todo o país e que estão viradas para a inclusão, para a igualdade, tudo dentro da preocupação com a atividade física e com a saúde. Dirigida aos jovens e aos menos jovens, aos que são portadores de deficiência também, tem início sábado dia 23, simbolicamente em Lisboa e em Viana do Castelo (que é Cidade Europeia do Desporto) e termina no dia 30. A ideia é a promoção da vida o mais saudável possível durante a semana – que obviamente decorre em toda a Europa – e todos os dias além dela. No ano passado, estima o IPDJ, estiveram envolvidas na SED cerca de 2,5 milhões de pessoas.

Digitalização da Imprensa escrita em debate no TFS

Vitor Santos (O Jogo), Vitor Serpa (A Bola) e Vitor Pinto (Record) falaram da digitalização dos jornais desportivos num debate moderado pelo presidente do CNID no Thinking Football Summit no Porto (Fotos Liga Portugal)

Os desafios que a digitalização foram o tema do painel “A imprensa desportiva (escrita) e os desafios do futuro” que levou ao Thinking Football Summit do passado fim-de-semana no Porto, três dos mais reconhecidos jornalistas portugueses: Vitor Santos (Diretor de O Jogo), Vitor Serpa (antigo diretor de A Bola) e Vitor Pinto, subdirtor de Record. Manuel Queiroz, presidente do CNID, moderou o debate.

O palco “Academy” da Arena Super Bock – Pavilhão Rosa Mota, foi aquele que recebeu os jornalistas no sábado de manhã, dia 9, com uma plateia variada e com muita gente interessada, incluindo jornalistas estrangeiros  Vitor Serpa historiou um pouco do que foi A Bola até chegar ao presente, em que se encontra num difícil processo de reestruturação e já nas mãos dos novos proprietários, os suíços do Grupo Ringier – ou seja, ao fim de quase 80 anos, já que o jornal foi fundado em 1945, A Bola deixa de estar ligado a qualquer dos fundadores pela primeira vez.

“É um grupo muito grande e que se interessou por A Bola por dois motivos: pela penetração que tem nas comunidades portuguesas mas também pela penetração que tem nos países africanos de expressão portuguesa, o que para a estratégia do grupo é muito importante”, sublinhou Vitor Samtos. “A Bola, como estava, não podia continuar. Isso é seguro. Veremos se este é caminho certo, para já doloroso para muita gente, por via dos despedimentos e da reestruturação que estão a fazer, apostando sobretudo no digital. Saíram por exemplo todos os fotógrafos, menos um, e quando se pergunta quem vai tratar as imagens antes de poderem ser publicadas, a resposta que é dada é que o grupo tem uma empresa na Índia que faz isso sem qualquer problema e para todos os meios do grupo”. Há obviamente uma ideia de eficiência e de controlo de custos, mas isso era inevitável.

Ou seja, menos papel, mis digital, dentro do Grupo Ringier que se apresenta como uma Companhia para os Media, Mercados e Tech&Dados”, com mais de 150 empresas sob o seu domínio em várias áreas. Os suíços estão a fazer novas instalações muito modernas, disse Vítor Serpa, até porque compraram os títulos e a A Bola tv mas não o grande património edificado que o eng. Mário Arga e Lima foi adquirindo em nome do jornal ao longo dos anos de fartura. Vitor Serpa falou ainda da ideia dos suíços de os jornalistas serem capazes de trabalhar para qualquer plataforma, o que obriga a formação e a condições de trabalho que são diferentes daquilo que existe hoje.

Vitor Serpa a dar conta das mudanças que se estão a processar em A Bola

Vitor Pinto, subdiretor de Record, falou da complementaridade entre o papel e o digital e também da televisão, porque o jornal está inserido num grupo que tem s diversas plataformas que precisam de ser alimentadas. O Record tem procurado fazer isso, mantendo a qualidade e procurando encontrar o tal modelo de negócio que prolongue a sustentabilidade. Esse é o desafio”.

Para Vítor Santos, diretor de O Jogo há um desafio para os jornalistas que tem por base o número muito alto de jornalistas formados e que terão dificuldade em encontrar colocação. “Podem fazê-lo noutras atividades conexas, em empresas, em agências de counicação, isso sim”. Na sua visão, “o Jornalismo nunca irá acabar e nunca foi tão importante, até porque nunca fomos tão lidos e ouvidos como agora”  Repensar a relação com as redes sociais, é outro ideia que os Jornalistas vão ter que estudar, porque ainda não chegou a um patamar de evolução e as necessidades da formação são diferentes.

O Thinking Football Summit, em segunda edição, foi uma organização da Liga Portugal que teve rasgados elogios de todos os que participaram, pelo profissionalismo e pelo interesse dos temas propostos e discutidos ao longo de muitos painéis. Jogadores, treinadores, dirigentes, o lado do marketing e do mercado que tem que ser trabalhado pelos clubes e pelos restantes ‘stakeholders’ foram ideias repisadas outra vez. A terceira edição será na segunda semana de Setembro de 2024. .

 

CNID no workshop da Fundação do Desporto em Setúbal

Os presidente das federações do consórcio e a presidente da Fundação do Desporto, Susana Feitor, no debate moderado pelo presidente do CNID (Fotos Rita Taborda, da Fundação do Desporto)

O workshop “Inovação e Tecnologia no Desporto” realizou-se esta quinta-feira, dia 7, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, com o objetivo de refletir sobre as oportunidades trazidas pelo universo digital para a área desportiva, tendo registado uma enorme participação.

Cerca de 700 pessoas participaram no evento, de forma presencial e online, numa manhã em que se falou de tecnologia, desempenho desportivo, modernização administrativa, centros de alto rendimento e da ferramenta e-desporto, e que teve a apresentação a cargo da atleta Ercília Machado.

A abertura do evento ficou a cargo de Luís Liberato Batista, diretor da Câmara de Setúbal, que relembrou que o município é desde julho de 2021 curador da Fundação do Desporto e referiu que a autarquia já iniciou o processo para a criação de um Centro de Alto Rendimento (CAR) porque só há uma infraestrutura dessas a sul do Tejo – no Algarve. “Estamos, no entanto, empenhados em reforçar com a Fundação do Desporto a rede nacional de centros de Alto Rendimento. Setúbal foi e continua a ser um concelho, um distrito e uma região que muito deu e continua a dar ao desporto português.”

O Workshop foi dividido em duas partes, com a primeira a ser dedicada ao tema “Treino e Alto Rendimento Desportivo: a Era da Tecnologia”.
Ana Paula Inácio, representante da Link Consulting, S.A. “A solução e-Desporto, powered by Link”, fez uma apresentação sobre “A Tecnologia Aplicada à Modernização Administrativa: e-Desporto”. Apresentou o projeto e-Desporto do consórcio, referindo os objetivos, que passavam pela implementação da solução de “Balcão do Desporto” multicanal, implementação do sistema de gestão documental e worflow edoclink, interoperabilidade documental e levantamento, reengenharia e desmaterialização de processos.
A responsável referiu que “os três componentes base do projeto são o portal e-Desporto, o sitio de entrada a que o público em geral pode aceder e ver um conjunto de notícias e vídeos sobre o balcão e as federações, o balcão onde os requerentes podem ir colocar e requerer serviços e a componente da gestão documental, em que internamente as organizações vão poder tratar os pedidos que são submetidos.”

De seguida, teve lugar a mesa redonda subordinada ao tema “A Tecnologia e o Futuro do Desporto”, que teve como intervenientes Susana Feitor, presidente do Conselho de Administração da Fundação do Desporto; António Silva, presidente da Federação Portuguesa de Natação, João José, presidente da Federação Portuguesa de Atividades Subaquáticas; Mário Quina, presidente da Federação Portuguesa de Vela; Sérgio Dias, presidente da Federação de Triatlo de Portugal e Vitor Félix, presidente da Federação Portuguesa de Canoagem; e moderação de Manuel Queiroz, jornalista e presidente do CNID | Associação dos Jornalistas de Desporto.

Susana Feitor, presidente da Fundação do Desporto, no uso da palavra

Susana Feitor referiu que “a desmaterialização dos processos administrativos está na ordem do dia e este consórcio está na linha da frente e mais adiante terá um produto bastante eficiente que vai ajudar a acelerar os processos administrativos.”

Mário Quina salientou que “este projeto vai permitir uma reengenharia de todos os processos, com ganho de eficiência e eficácia. As federações, que são entidades de utilidade pública desportiva, vão ter que estar preparadas para o desafio da interoperabilidade com a administração pública.”

Vítor Félix afirmou que “o resultado desportivo de um atleta não depende só do seu talento e do seu trabalho. Hoje em dia depende de um conjunto de fatores complementares ao treino, desde o treinador, o fisioterapeuta, o médico, o psicólogo. Há um conjunto de fatores que ajudam e implicam no resultado desportivo do atleta. É claro que a tecnologia é um fator muito importante, que pode influenciar no rendimento desportivo.”. O dirigente federativo deu o exemplo do maior fabricante de canoagens do mundo e seu patrocinador, a empresa Nelo, que utiliza a tecnologia para melhorar o desempenho das canoas. “Hoje em dia há um conjunto de tecnologias a que todas as federações se socorrerem no sentido de beneficiar os resultados desportivos. Por vezes se ganha ou se perde uma medalha por centésimos ou décimos de segundo.”

António Silva salientou que “estas organizações tiveram a capacidade de ser as primeiras a abraçar o desafio da inovação, da desmaterialização, do workflow.” O dirigente acrescentou que “a partir do momento em que as organizações estão capacitadas num ambiente e num contexto inovador conseguem dar uma resposta mais adequada e mais rápida, tendo em conta o objeto social da organização, que é prestar um bom serviço desportivo aos nossos cidadãos.

João José, presidente da Federação Portuguesa de Atividades Subaquáticas, começou por destacar o carácter particular da organização que dirige, dado que têm dois mil filiados competitivos e cerca de 20 mil praticantes lúdicos: “A nossa federação é maioritariamente lúdica. É uma federação das certificações, temos uma dimensão de certificações maior do que o portal da prodesporto. Sempre tivemos uma grande componente tecnológica. A nossa plataforma está a ser implementada em 130 países.”

A segunda parte do workshop, denominada “Treino e Alto Rendimento Desportivo: a Era da Tecnologia” teve como primeiro interveniente Ricardo Santos, diretor de tecnologias da Federação Portuguesa de Futebol, que fez uma exposição sobre “As Tecnologias em estruturas desportivas: desafios e oportunidades”. O diretor salientou que “a transformação digital exige estratégia e planeamento, mobilização de valências e avaliação de performance”.

Ricardo Pina, vereador do Desporto da Câmara Municipal de Setúbal

Duarte Araújo, investigador da Faculdade de Motricidade Humana/Universidade de Lisboa falou sobre “Exemplos de vanguarda na aplicação da tecnologia à otimização do rendimento desportivo”. E partilhou com a audiência a forma como o laboratório que coordena, “Perícia no desporto”, se tem vindo a desenvolver ao longo do tempo. Duarte Araújo salientou que “o treino está felizmente a mudar, é uma característica natural do treino, e podemos beneficiar bastante da questão que o mundo digital, big data, tecnologia, e tudo o que tem a ver com o processamento avançado de informação.” Falou nomeadamente sobre a colaboração que tiveram com o “staff” de Patrícia Mamona e como a atleta surpreendeu os Jogos Olímpicos.

José Serrador, diretor do CAR Jamor historiou o processo de “Transição Digital no CAR Jamor”, Explicou o processo, que passava por “congregar todas as diferentes áreas que tínhamos no Centro de Alto Rendimento e colocá-las a funcionar de uma só vez. Basicamente queríamos aumentar a eficácia de organização, queríamos atletas e treinadores mais satisfeitos com o nosso trabalho.” José Serrador explicou que a empresa ISM Improving Sports adaptou a plataforma criada para academias de futebol ao CAR do Jamor e suas necessidades, criando a plataforma Sports ISM, que deu origem ao CAR Jamor Digital. A plataforma permite a ligação entre o CAR, os atletas, treinadores e demais agentes desportivos.

Vasco Dias, da Unidade de Avaliação e Controlo do Treino do CAR Jamor, abordou “O papel da tecnologia e da ciência na otimização do Rendimento Desportivo”, incidindo sobre a avaliação e controlo do treino, cujo objetivo é “quantificar o movimento, quer seja a carga interna ou externa. E isto tem objetivos: ver qual é o desempenho no momento e contribuir para a melhoria desse desempenho daí para a frente; identificar alguns riscos de prevenção de lesões e no tratamento da lesão, o que vai permitir maior longevidade na carreira desportiva”.

José Forjaz, representante da Football ISM explicou o processo de criação da empresa que criou a plataforma digital do CAR Jamor. A plataforma Sports ISM abrange todas as áreas da vida de um clube ou organização, desde a área técnica, passando pela gestão das instalações, secretaria, incluindo a vertente administrativa. A plataforma tem sido melhorada através das experiências dos clubes, academias e Centros de Alto Rendimento que engloba, “bebendo os conhecimentos e expertise de todos os diferentes departamentos e diferentes clientes para podermos melhorar o sistema.” A empresa já tem as plataformas Football ISM, Sports ISM, Coach ISM e Fans ISM.

No encerramento da sessão, Susana Feitor, agradeceu a presença de todos os participantes, presenciais e online, e referiu que “este foi um projeto de seis entidades, cinco federações desportivas em conjunto com a Fundação do Desporto. Disse ainda que a Fundação quer “continuar a procurar mais projetos no âmbito do financiamento europeu de modo a conseguir providenciar ao desporto mais ferramentas e conseguirmos ter impacto positivo em especial com os centros de alto rendimento mais também com os outros agentes desportivos. A Fundação está disponível sempre que o tecido empresarial entender que pode utilizá-la como meio para chegar aos agentes desportivos, ao terreno. Nós existimos exatamente para isso, mas o nosso principal propósito continua a ser a coordenação dos centros de alto rendimento. Queremos estar próximos e queremos que os centros continuem sempre na vanguarda da ajuda aos nossos atletas e aos nossos treinadores.”

Pedro Pina, vereador da Câmara Municipal de Setúbal, salientou que “o sucesso deste encontro é de facto a capacidade de trabalharmos em rede. Tivemos na sala do Luísa Tody aproximadamente 300 pessoas e quase 400 pessoas online, um absoluto e extraordinário sucesso. E é o sucesso da capacidade de trabalho, de trabalho em rede, da Fundação do Desporto, da Câmara Municipal de Setúbal e de todos os parceiros, das Federações e de todos os parceiros que objetivamente trabalharam para este projeto.”
“Falta aqui uma palavra importante para acrescentar à inovação, e à tecnologia, que é financiamento”, salientou, acrescentando: “E esta é uma questão fundamental. Porque se ficamos fascinados com aquilo que a inovação e a ciência nos traz e a capacidade que muitas entidades e organizações traduzirem hoje na sua performance, no seu trabalho, no seu quotidiano muitas destas metodologias, muita desta capacidade, também é verdade que a realidade com que trabalham muitas organizações, muitas das nossas federações, muitos dos nossos clubes, muitas das autarquias, fica ainda distante também disto”. O responsável prosseguiu, dizendo que “estamos empenhados para fazer uma coisa fundamental. A primeira é entender o desporto como uma condição incontornável do desenvolvimento dos territórios. Esta é uma questão que passa também por uma outra questão, que é a política. Nós precisamos definitivamente que o país olhe para o desporto, não como um elemento acessório que é feito nas escolas, que é feito no dia a dia, mas como um pilar central do desenvolvimento humano, da vida, das sociedades, dos territórios, das autarquias e do país. E isso significa alterar o paradigma, como aqui já foi dito. Segundo, porque precisamos que essa condição seja traduzida nos meios e nos recursos. Vivemos neste binómio, entre o futuro aqui mesmo ao lado, mas sobretudo a realidade e com os pés bem assentes na terra.”
As nossas palavras são de total disponibilidade, persistência e resiliência, continuamos a acreditar no desporto como um pilar central no desenvolvimento da cidade de Setúbal. Continuamos a investir naquilo que são os recursos fundamentais e mais queremos fazer e certamente novidades traremos muito em breve para poder ainda apetrechar de uma forma mais qualificada os nossos equipamentos municipais, mas acima de tudo, de democratizar o acesso ao desporto com a tecnologia e com a ciência”, disse.
“Sejamos felizes e o desporto é uma parte muito importante para a felicidade das nossas vidas”, finalizou Pedro Pina.

CNID/SIGA: Controlo de custos do plantel é a grande novidade do novo fair-play financeiro

Hugo Gilberto, Manuel Queiroz e Tiago Machado durante a sessão, realizada por via telemática

O CNID – Associação dos Jornalistas de Desportos organizou ontem  tarde um webinar sobre “Fair Play Financeiro – Novas regras de sustentabilidade e a Integridade” no quadro da Semana da Integridade da SIGA (Aliança Global para a Integridade no Desporto) que contou com o advogado Tiago Machado para explicar os pormenores da lei que emana da UEFA e entra em vigor nesta época de 2023-24, além do jornalista Hugo Gilberto.

O CNID e a SIGA são parceiros desde 2019 e todos os anos têm feito ações conjuntas tratando da defesa da integridade das competições desportivas, um tema da maior atualidade.

Tiago Machado, advogado muito ligado ao desporto, com uma presença regular na Comunicação Social e que é também professor na Pós-graduação em Direito do Desporto da Universidade Autónoma de Lisboa no módulo relacionado com o fair-play financeiro, teve pela frente as perguntas dos jornalistas Hugo Gilberto (diretor-adjunto de Informação da RTP) e Manuel Queiroz (presidente do CNID). Uma das opiniões expendidas pelo causídico foi a de que a “UEFA trabalhou muito bem a institucionalização do fair-play financeiro que começou em 2010 e contribuiu muito para a melhoria da saúde financeira da generalidade dos clubes”. Mas nem tudo foram rosas e recordou os castigos ao Manchester City (três anos sem jogar as competições europeias) e ao PSG (65 milhões de euros de multa) que o Tribunal Arbitral do Desporto de Lausanne revogou e transformou em castigos quase irrelevantes. Outros clubes não tiveram tanta sorte, porque foram obrigados, nomeadamente, a restringir o número de jogadores inscritos nas provas europeias ou até a não jogarem essas competições. Certo é que a UEFA investigou e aplicou as sanções, mas depois não tiveram os efeitos previstos porque outras instâncias judiciais se interpuseram.

A importância da “ligação estreita” entre a UEFA e a União Europeia (leia-se Comissão Europeia) foi também destacada, porque o modelo desportivo europeu é bem diferente do de outras regiões do mundo e a UEFA teve sempre interesse em manter uma certa identidade que sublinha a importância dos campeonatos nacionais, por exemplo.

Os novos regulamentos, sob o título “Licenciamento dos clubes e sustentabilidade financeira”, entram em vigor nesta época de 2023-24 “mas ainda têm conceitos que não estão bem definidos”, nomeadamente aquilo que se entende por “jogadores relevantes, em princípio aqueles que custam mais dinheiro ao clube”. Talvez cinco ou seis, diz a UEFA mas ainda não é certo e trata-se de uma parte importante das novas disposições. O Comité Executivo da UEFA aprovou o regulamento mas ainda não está tudo definido, porque a aplicação é espalmada durante três anos. Os três pilares das novas regras são a solvência, estabilidade e controlo de custos. “Esta é para mim a grande novidade deste passo em frente da UEFA, o controlo dos custos do plantel para tentar controlar melhor os salários e os prémios de transferências de jogadores, porque temos visto como os clubes adquirem partes de passes, têm diferentes formas de amortização, pagam em mais ou menos anos – tudo isso precisa de ser considerado para haver essa equidade”. Limita as despesas de salários, transferências e comissões dos agentes a 70% das receitas do clube e é observado de Janeiro a Dezembro (em vez da época desportiva). Hugo Gilberto lembrou então as ”compras encapotadas com as cláusulas de compra obrigatórias” e Tiago Machado concordou que se trata de uma forma de contornar determinadas regras estabelecidas. A amortização dos custos de transferências de jogadores far-se-á apenas durante cinco épocas, por muito que os contratos possam ser mais longos e isso é muito relevante. A regra da solvência tem a ver com controlos a cada quadrimestre para que os pagamentos sejam feitos a horas; a regra das receitas permite agora um prejuízo de 60 milhões de euros em três anos (o dobro do atual) e ainda mais 10% se for considerado que o clube está em boa situação financeira.

Tiago Machado destacou ainda a importância das regras de fair-play financeiro para a integridade “no sentido de que permitem uma maior equidade entre os clubes ainda que, obviamente, os mais ricos continuem a ser mais ricos e nos últimos anos quase só a Espanha e a Inglaterra tenham ganho a Liga dos Campeões”. Lembrou que Michel Platini, como presidente da UEFA, foi quem fez mais força exatamente porque o antigo grande jogador francês queria igualar os clubes o mais possível.

Surgiu do público que assistia à sessão a pergunta sobre a recente entrada em força do dinheiro dos clubes sauditas e se a FIFA não deveria impor algum tipo de regras iguais para todos. “O Brasil já tentou criar regras próprias de fair-play financeiro e outros países também, mas a única confederação que o fez foi a UEFA”, sublinha Tiago Machado.

A evolução das regras de sustentabilidade financeira vai continuar nos próximos anos previsivelmente. É da maior importância para os jornalistas estar a par das mudanças.

 

Agradecimentos

A Direção do CNID agradece reconhecida a disponibilidade do dr. Tiago Machado e de Hugo Gilberto para participarem nesta sessão, tornando-a ainda mais relevante.