José Manuel Constantino é o novo presidente do COP, desde o final de quinta-feira, 4 de Abril de 2013, após triunfo expressivo em histórica Assembleia Plenária eleitoral.
A sede colectiva das Federações Desportivas portuguesas ou seja, a casa comum do Desporto Português, tem nova liderança para o período 2013-2016.
José Manuel Constantino, um dirigente conhecido e um ideólogo do Desporto reconhecido pelos seus pares, substitui então o comandante José Vicente Moura, na liderança do Comité Olímpico de Portugal (COP), centenária instituição, fundada em 26 de Outubro de 2009, sediada actualmente no bairro da Ajuda, em Lisboa, em excelentes instalações, conseguidas com a preciosa colaboração da Câmara Municipal de Lisboa. António Costa, líder do Município lisboeta fez questão, aliás, de estar presente na cerimónia de posse do novo presidente e dos novos dirigentes do COP.
A candidatura liderada por Constantino havia conseguido uma margem confortável de votos (92-67) sobre a lista oponente chefiada pelo engº Marques da Silva, anterior secretário-Geral do COP, durante a Assembleia Plenária eleitoral que decorreu no dia 26 de Março 2013. Reunião que ficou registada, nos anais institucionais, como um histórico acto de mobilização associativa.
Ao longo do programático discurso de posse, redigido por 17 folhas A4, José Manuel Constantino reafirmou, no salão Europa do Hotel Altis, assumir -se como “líder para a mudança” refutando liminarmente, no entanto, ser portador de algum “projecto de ruptura”.
Mas não se coibiu, apesar disso, sempre frontal e assertivo, de entender que incumbe às “organizações desportivas organizar e desenvolver o Desporto”. Sustentando, então, a clara separação de competências arguiu, com determinação, que não compete ao Estado “substituír-se às federações”; que o Estado, assim sendo, terá de “respeitar este âmbito de intervenção”.
O novo líder do COP aduziu,neste quadro, que “o Estado gere os recursos públicos à disposição das federações desportivas” mas não caberá ao Estado “organizar ou desenvolver” o Desporto português, neste caso concreto.
Constantino aplaudido com entusiasmo, por uma plateia numerosa e conhecedora das matérias suscitadas, sublinhara antes que “as organizações desportivas não são empresas” e que “as políticas desportivas não podem ser prejudicadas por procedimentos contabilísticos de quem prefere “contas certinhas” a resultados desportivos”.
Impávido e sereno Alexandre Mestre escutou o novo líder do COP para “a mudança” e ter-se-á agradado quando ouviu J.M.Constantino dizer que recatava deste discurso público “as matérias que tinha para discutir com o Governo”, com a sua tutela, é verdade, para não inviabilizar os necessários consensos.
Um COP reivindicativo e exigente!
Momentos antes a plateia,sempre atenta,já tinha retido outra das asserções significativas de Constantino:”É incompreensível que as avaliações de auditoria incidam,sempre,sobre os procedimentos administrativos e contabilísticos, tão ao gosto dos burocratas” quando deveriam ser “sobre o essencial”, ou seja, sobre “a produção de resultados desportivos”.
José Manuel Constantino prometeu, a partir de agora, ser o presidente de todos os membros do COP, dos que apoiaram a candidatura vencedora que liderou e dos que votaram nele e também dos que optaram por apoiar e votar na candidatura opositora que o Engº Marques da Silva, ex-secretário-geral do COP, protagonizou.
O novo presidente da Comissão Executiva do Comité Olímpico de Portugal acentuou também que o COP será uma “instituição de referência” para “responder aos desejos e ambições de mudança” e observou:”O COP não é um sindicato de federações, mas não daremos falsas expectativas a ninguém” rematando com a mesma energia que manteve durante toda a alocução: “Queremos um COP activo, reivindicativo, exigente e com valores de liderança sobre o sistema desportivo nacional”
Vicente Moura recebeu convite de Constantino
Vicente Moura depois de saborear, com natural agrado, as palavras reconhecidas do seu sucessor quanto ao labor desenvolvido com a sua equipa, nos últimos 16 anos, de entrega ao COP, ouviu Constantino propor-lhe que pudesse aceitar “missões de representação institucional, no plano interno e externo”. O convite assim formulado, perante uma plateia numerosa, atenta e participativa na hora de saudar, com fortes aplausos, os momentos de maior emoção abrange, aliás, todos os ex-presidentes da centenária instituição que partilhem ainda, nesta data, o convívio connosco.
O novo líder do Comité Olímpico de Portugal declarou, então, que esta proposição tem toda a razão de ser a partir do momento em que ele próprio, José Manuel Constantino, entende de longa data que no nosso país a experiência das pessoas quando abandonam os seu cargos é “desaproveitada”. Por isso, no caso concreto de Vicente Moura e de outros dos seus pares, vincou a ideia que eles possam, desse modo, “continuar a colocar o seu saber e experiência ao serviço do Movimento Olímpico”.
Antes ainda do momento oficial da passagem de testemunho, selado com um abraço fraterno entre os dois dirigentes desportivos e sublinhado com uma vibrante ovação pela plateia colaborante com o solene acto, Vicente Moura fez questão de salientar “sem falsas modéstias” que ele e “os amigos” que o acompanharam são “responsáveis pela ascensão desta instituição a um patamar de notoriedade e prestígio, sem paralelo na história recente do desporto português”.
O anterior presidente do COP saudou, entretanto, o sucessor sustentando os seus votos de sucesso na experiência e prestígio de Constantino, sem esquecer todos os elementos que o acompanham nesta tarefa exigente e grandiosa. Vicente Moura também não deixou sem uma palavra de gratidão todos os funcionários do COP, que com ele colaboraram, gente que deu “o seu melhor, o melhor de si mesmos, sem dúvida,em prol do COP e do Olimpismo” – aludiu, nesse pormaior, o presidente cessante do Comité Olímpico de Portugal.
Diplomacia na despedida
O secretário de Estado do Desporto e Juventude, Alexandre Mestre, não perdeu o ensejo para saudar, por seu turno, Vicente Moura e reconhecer o trabalho deste na defesa do COP e do Olimpismo e o presidente cessante, de forma cordata também, não deixou, no entanto, de apelar para a existência de decisões que favoreçam um “modelo desportivo” adequado ao País que somos, alegando que se projecte uma “cooperação institucional e pessoal” diferente, entre a tutela e o COP.
Mestre e Moura mantiveram algumas divergências, públicas, sobretudo ao nível da nossa representação olímpica, divergências essas que assumiram tons elevados durante o último jantar de aniversário do COP, nas instalações do Museu da Marinha, em Belém, coincidindo com o último acto desta natureza presidido por Vicente Moura.
Na hora da despedida Alexandre Mestre e Vicente Moura reencontraram-se com diplomacia mantendo-se. é certo, a firmeza que os caracteriza,
Ficou, entretanto, uma nota particular quando alguém recordou que Vicente Moura saía da presidência do COP mas já tinha novo destino como vice-presidente da nova Direcção do Sporting C.P., recentemente eleita. E com o pelouro importante das modalidades, ditas amadoras. Resposta pronta do novo dirigente leonino, antigo presidente da Natação portuguesa: “Pois, mas do Sporting não falo!”.