GALA DOS 50 ANOS ENVOLVEU MUITOS AFECTOS E EMOÇÕES

Atentemos, então, nas palavras de João Paulo Rebelo, o novo Secretário de Estado do Desporto e Juventude, empossado há três semanas, apenas, que não nos parecem, sinceramente, de mera circunstância:

“O CNID foi, e é, uma referência como instituição!” E em complemento desta ideia, o governante da tutela sublinhou que a nossa Associação “É uma ferramenta ao serviço do Desporto!”
Homenagem emotiva aos nossos fundadores

A Gala dos 50 anos do CNID registou vários “pontos altos”, como por exemplo, o da homenagem emotiva aos nossos fundadores (ou, se quisermos, aos dirigentes dos primeiros corpos sociais) com a chamada ao palco de Vasco Resende, secretário-geral da primeira Direcção do CNID, presidida por Fernando Soromenho, já falecido, e que “empresta” o seu nome ao nosso Prémio Prestígio,o galardão que lhe foi entregue por António Florêncio, nas presenças em palco do secretário de Estado João Paulo Rebelo e do vereador do Desporto da C.M. Lisboa, Jorge Máximo.

Referia então Florêncio emocionado, que, sendo um associado antigo e estando ao leme dos destinos do CNID, há onze anos “nunca pensei chegar a este dia! (ao dos 50 anos), rematando com convicção: “Queremos que se repita por muitos anos”.

Vasco Resende representou os fundadores do CNIDVasco Resende recordou alguns dos meandros da epopeia que foi fundar o CNID, com muito esforço, muito suor e sacrifício. Nos idos anos de 1966, aproximava-se a fase final do “Mundial” de futebol, em Inglaterra, para a qual a selecção nacional “A” estava apurada, e os jornalistas portugueses da área do desporto, desprotegidos pelos seus próprios pares (os profissionais de outras áreas do jornalismo português) e debatendo-se com os mesmos problemas que o ditador Salazar impunha, a toda a sociedade obscura, quanto à existência de uma censura férrea e aviltante, precisavam de uma estrutura de classe que lhes permitisse aceder às regulamentares acreditações para os espectáculos desportivos. Foi uma luta sem quartel mas os jornalistas portugueses, destacados para a cobertura do campeonato do Mundo de futebol, em solo inglês, conseguiram uma vitória com grande espírito colectivo e puderam assim cumprir as suas missões com brilho, sendo que a maioria dos jornalistas da área do Desporto que estiveram na base da fundação do CNID, eram cidadãos de corpo inteiro e profissionais de igual, ou até de mais elevada estirpe, do que muitos dos jornalistas de outras áreas.

De resto no tempo do ditador e da ditadura, com taxas de analfabetismo inaceitáveis, sabia-se que pelo País fora havia muita gente que aprendera a ler através dos jornais desportivos (a nossa sentida homenagem a “A Bola”, Record, “Mundo Desportivo”, “Norte Desportivo”, entre outras publicações desses “tempos heróicos”).E que os imigrantes, aos magotes (como infelizmente hoje, noutro quadro sócio-político sem comparação, se repete) procuravam na leitura dos jornais desportivos a expectativa de conseguirem mais alguma notícia do seu país, então amordaçado, que de outra forma seria impensável.

Mário Zambujal e Guita Júnior, os outros dois fundadores que também ainda se encontram entre nós, não compareceram por motivos de saúde. Mas não são esquecidos, claro está, e em data oportuna serão homenageados publicamente pelo CNID.

Pedro Azevedo, da Rádio Renascença, recebeu de António Magalhães o Prémio Artur Agostinho-RádioOutro fundador, justamente lembrado, foi Artur Agostinho. Director do jornal desportivo Record entre os anos 1963-1974, Artur Agostinho permanece, entretanto, como referência muito especial sempre que se fala de Rádio, e de toda a magia que envolve as ondas sonoras.

Pedro Azevedo, jornalista da “Rádio Renascença”, recebeu das mãos de António Magalhães, vice-presidente da Direcção do CNID e actual director de Record, o troféu alusivo ao cinquentenário e relativo ao Prémio Artur Agostinho — Rádio , aproveitando o ensejo para manifestar da honra que sentia ao verificar que o reconhecimento do seu trabalho, na Gala dos 50 anos do CNID, fica associado a um comunicador de tão evidente prestígio, como é o caso em apreço.

Na área televisiva a distinção coube a Rui Orlando, profissional da SportTV, que vai guardar no acervo das suas recordações o troféu com o nome de Alves dos Santos, outro dos grandes nomes da Comunicação Social portuguesa e também um dos notáveis “cabouqueiros” da nossa Associação.

João Gonçalves, Rui Orlando e Bessa TavaresO Prémio Alves dos Santos-Televisão foi entregue pelo jornalista Bessa Tavares, administrador da SportTV durante 17 anos e pelo jornalista João Gonçalves, vice-presidente do CNID, actual comentador na SporTV e antigo praticante de Andebol, que se notabilizou ao melhor nível, também como internacional. E este foi um Prémio que Rui Orlando acolheu, aliás, com manifesto agrado.
“Magriços”: motivação e nossa razão de ser

A homenagem que os actuais dirigentes do CNID fizeram questão de prestar aos “Magriços”, neste marco comemorativo dos 50 anos da nossa vivência associativa, não podia deixar de fazer todo o sentido, tendo em atenção que o nascimento de uma associação de jornalistas como o CNID, urgia em 1966,aquando da presença da selecção nacional “A” do futebol português na fase final do “Mundial” de Futebol em Inglaterra, como já aqui se evocou.

De resto, em 1996,quando se cumpriram 30 anos dessa saga histórica para os anais do nosso futebol, foi o CNID a primeira — e durante algum tempo– a única instituição portuguesa a homenagear publicamente os célebres “Magriços” (3º lugar mundial, naquele tempo, foi obra e engenho a ter na devida conta).

Vítor Serpa, António Florêncio, Pauleta, António Simões e João Paulo RebeloNa Estufa Fria, em Lisboa, e já com algumas baixas, irremediáveis, no plantel de luxo, coube a António Simões receber o troféu correspondente, das mãos de Vítor Serpa, presidente da A.G. do CNID e director do jornal desportivo “A Bola”. Simões, com uma nostalgia saudável — diremos, assim — exclamou, a propósito de uma efeméride comum, que “Cinquenta anos são uma vida! “valorizando o acto e o gesto, de forma assertiva: “Apraz-me registar este reconhecimento a uma belíssima geração” para concluir, eloquente: “É muito bonito servir o nosso País!”

E Pedro Pauleta, director, que representou a FPF, na ausência do presidente da Direcção Fernando Gomes, replicou: “É um prazer recordar a selecção nacional de 1966, uma selecção que muito nos orgulhou!”
António Simões entregou, de pronto, a distinção ao director federativo, noutro momento emotivo desta gala do CNID, e Pedro Pauleta, antigo goleador da selecção nacional, prometeu que a mesma iria ser colocada, em destaque, numa das vitrines de troféus federativos que se encontram nas instalações da novíssima Cidade do Futebol, recentemente inauguradas, e próximas do Vale do Jamor.