Mário Moniz Pereira faleceu em Lisboa aos 95 anos (1921-2016) e o “Senhor Atletismo” como ficou conhecido e foi reconhecido não nos deixou mais pobre porque o seu legado como atleta e pedagogo, homem de cultura e da Cultura, é de uma tão vasta dimensão que se confunde com o próprio país que o viu nascer, o acolheu e o festejou pela sua fantástica persistência na valorização dos portugueses e de Portugal.
Aos 17 anos representando o histórico Liceu Camões, em Lisboa, começou por abraçar o atletismo, como o amor do seu prestigiado currículo desportivo, ainda e então ao nível de atleta praticou voleibol no INEF no Sporting (seu clube do coração) e no CDUL (até aos 50 anos); foi hoquista, H. C. Sintra e no ténis de mesa vestiu as camisolas do Sporting e do Ateneu comercial de Lisboa; após passagem mediana como atleta do Sporting C.P. alcança mais tarde como veterano o título de campeão nacional no salto em altura, no salto em comprimento e no triplo salto. Moniz Pereira consegue a medalha de bronze nos “mundiais” em Gotemburgo (Suécia) no ano de 1977 e 5 anos depois, nos “europeus” de veteranos em Estrasburgo (França) no ano de 1982 obteve a medalha de bronze no triplo salto.
Em 1945 licenciou-se no antigo Instituto Nacional de Educação Física (INEF) onde, ao longo de 27 anos, formou com o seu muito saber e um invulgar sentido pedagógico vários docentes e técnicos desportivos que sobressaíram na vida portuguesa.
Ofereceu, entretanto a sua preciosa colaboração ao futebol profissional do Sporting C.P. tendo sido como preparador físico, campeão nacional (1969/70) e vencedor da Taça de Portugal (1971) da equipa técnica dirigida por Fernando Vaz.
Revolucionou o Atletismo português enquanto técnico federativo e nos clubes onde treinou como foram os casos do Sporting e do CDUL. Foi o grande mentor da chamada “escola do meio fundo e fundo português”.
O Professor Moniz Pereira foi sempre um grande amigo do CNID até pela sua faceta jornalística enquanto comentador do Jornal A Bola durante muitos anos, e o CNID retribui-lhe essa estima muito especial que sempre nos honrou a todos.
“Valeu a pena” é o título de um dos fados que Maria da Fé popularizou, com os versos do também músico e letrista Moniz Pereira e que consubstanciaram uma vida de luta e de sucesso.
“Valeu a pena ter vivido o que vivi … Valeu a pena sonhar o que sonhei …”
À família enlutada, aos dirigentes do Sporting C.P. e a todos os seus amigos o CNID expressa os votos de sentido pesar.