AIPS pretende relatório da situação de cada país

O presidente da AIPS pediu a cada associação nacional da Europa para rapidamente produzir um pequeno relatório sobre as consequências deste segundo período de confinamento devido à pandemia de covid 19.

Realizou-se hoje uma reunião por vídeo entre a AIPS (Associação Internacional da Imprensa Desportiva) e a AIPS Europa, em que compareceram quase todas as associações nacionais do continente, entre os quais o CNID, que esteve representado pelo presidente da Direção, Manuel Queiroz.

Gianni Merlo, presidente da AIPS, disse querer conhecer com o maior detalhe possível o que se vai passando, porque “as restrições que estão a ser impostas aos jornalistas não se podem manter e não podem servir para, no futuro, condicionar a presença de jornalistas nos jogos das várias modalidades”.

Merlo anunciou ainda que a entrega dos Prémios da AIPS terá lugar no dia 22 de março, numa cerimónia apenas virtual, e que o E-College terá este ano uma forma diferente, depois de uma primeira edição que foi considerada muito interessante e teve grande êxito.

Euro 2020 e Jogos Olímpicos de Tóquio

O Presidente da AIPS, instado a respeito das grandes competições que se devem realizar este ano, não foi definitivo.

“Em relação ao Europeu de futebol, que se vai continuar a designar Euro 2020 como se sabe, a UEFAa disse-nos para esperar até ao princípio de Abril. A acreditação costuma começar mais cedo, sim, mas este é um ano obviamente diferente. A sensação é que se espera que em junho as coisas estejam melhores em relação à pandemia, mas ainda ninguém tem certezas absolutas. De resto, continua a falar-se de muita coisa, há esses rumores de que pode ser num país só. Mas será que há algum país que esteja disposto a arcar com a despesa que é um Campeonato da Europa? De alguma forma é mais fácil em 12 cidades.”

“Em relação aos Jogos Olímpicos, a organização espera menos jornalistas do que tem sido habitual. Vai haver uma bolha para os atletas, de que só sairão para as corridas e os jornalistas têm um problema: cerca de 40% devem ficar fora dos hotéis das organizações. Mas depois a organização não quer que os jornalistas andem nos transportes públicos habituais. Há aqui coisas que ainda não estão definidas. Outro problema é que a vacinação no Japão está atrasada e só começará agora. Mas creio que vai haver mesmo Jogos Olímpicos em Tóquio este ano, como teremos Europeu de futebol e provavelmente em 12 cidades diferentes”, acrescentou. 

Gianni Merlo deu conta de que há provas importantes de outras modalidades que darão ideia do que se pode passar no verão. “Em Cortina d’Ampezzo, em Dezembro, no Mundial de snowboard, funcionou tudo bem. Sim, 180 jornalistas em vez dos 600 que havia noutros tempos, testes de três em três dias e resultados em 45 minutos. E em centenas de milhar de testes houve só 17 positivos e todos fora da bolha”.

O presidente da associação de Israel revelou que há duas semanas se disputou o Grand Slam de judo em Telavive e que houve grandes críticas no país, do género “porque é que vem tanta gente de fora neste momento, vão trazer vírus”. No sentido de alertar para que nem tudo é pacífico em redor das grandes organizações desportivas.

Jornalistas nos estádios e pavilhões e o Luxemburgo-Portugal

Gianni Merlo disse a propósito que na época passada a UEFA entregou algumas vezes a acreditação dos jogos aos próprios clubes. “Isso é inaceitável e temos que o combater. Porque os clubes aproveitam para não deixarem entrar aqueles de que eles não gostam. Temos que combater isso”, sublinhou o presidente da AIPS.

Na generalidade dos países há fortes restrições à presença de jornalistas nos estádios e nos pavilhões. Na Alemanha, nos estádios de futebol, podem entrar 18 jornalistas da escrita e oito fotógrafos e, de certa forma surpreendentemente, o presidente da associação alemã considerou isso bom, não havendo, segundo disse, “reclamações, a não ser de fotógrafos”, mas esses são sempre difíceis de contentar, em sua opinião. Por outro lado, em França quase já não há restrições.

O presidente do CNID fez questão de sublinhar as dificuldades que os repórteres-fotográficos estão a enfrentar neste momento em Portugal, porque têm dificuldades de acreditação para muitos jogos e que isso constará do relatório que vai ser enviado para a AIPS.

Foram sublinhadas as dificuldades que os jornalistas estão a passar  na Grécia, Israel e Bósnia, nomeadamente , mas também em vários outros países.

O presidente da associação do Luxemburgo deu conta de que para o próximo Luxemburgo-Portugal só serão aceites 25 jornalistas da escrita e 16 fotógrafos.   

Prémios da AIPS

A entrega dos Prémios da AIPS terá lugar a 22 de março, com início às 19h30 (18h30 em Portugal) e está a ser preparada uma cerimónia com transmissão em streaming e com qualidade para transmissão televisiva.

Gianni Merlo pediu às associações nacionais o maior apoio na divulgação dos prémios. “São muito importantes, porque são um ato de cultura. E posso garantir que este ano voltamos a ter material de altíssimo nível, que mostra que mesmo no ‘ano covid’ o Jornalismo continuou e desenvolveu-se”.

Sobre a possibilidade de os órgãos de comunicação poderem publicar material daquele que está selecionado para os prémios, o secretário-geral da AIPS, Jura Ozmec, da Croácia, chamou a atenção para os direitos de imagem, mas que tudo pode ser conseguido em contacto com os autores. E sublinhou o “ato de cultura” que é dar o devido destaque a quem faz bom Jornalismo.

 E-College

Depois de uma primeira edição que teve muito interesse, com a presença inclusive de grandes nomes do Desporto nas aulas, a AIPS promete uma segunda edição com algumas diferenças, como a tradução simultânea em quatro línguas e com a aula semanal a contar com a presença de um especialista na matéria.

A primeira edição foi muito interessante. O CNID participou em várias sessões e aconselhamos os jornalistas, sobretudo os mais jovens, a estarem atentos porque, em princípio, são sessões livres e que dão uma perspetiva sobre o que se vai fazendo e o que se pensa sobre Jornalismo noutras partes do mundo.  

Jornalistas e vacinas

A certa altura da reunião, Gianni Merlo perguntou quem tinha sido vacinado, entre os que estavam na sessão. Dois ou três. Interessante que na Bulgária houve a proposta das autoridades para os jornalistas serem considerados “trabalhadores da linha da frente”, algo que as organizações de jornalistas apoiaram e estão mesmo nos três grupos prioritários.

Na Turquia, os jornalistas com mais de 60 anos são considerados prioritários e já terão sido todos vacinados. De resto, na Sérvia e na Hungria há cinco vacinas diferentes disponíveis, incluindo a russa e a chinesa, e a vacinação está muito adiantada, tal como em Israel, embora exista sempre quem não aceite ser vacinado.