O painel: Manuel Brito, Luís Vilar, Jorge Castelo, João Pedro Monteiro e João Pedro Mendonça, além do moderador João Gomes Dias
O Jornalismo vive um momento de viragem por muitas razões e em Portugal vive hoje em crise económica, com poucos meios, embora continue a ser substancialmente fiável.
Podem resumir-se assim as conclusões do debate sobre ‘Como pode o Jornalismo ajudar o Desporto’, organizado pelo CNID – Associação dos Jornalistas de Desporto com a colaboração da Universidade Europeia e da Câmara Municipal de Lisboa e realizado na manhã de terça-feira, 29 de Novembro., no auditório daquela universidade. Luís Miguel Henriques, advogado e comentador, abriu as hostilidades com muitas provocações, antes do debate entre Jorge Castelo, professor universitário e treinador de futebol, Luís Vilar, professor universitário e comentador de futebol, João Pedro Monteiro, professor e diretor de departamento de desporto na Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Brito, Presidente da Autoridade Antidopagem de Portugal e João Pedro Mendonça, Editor de Desporto na RTP, O prof. Thiago Santos fez a saudação inicial pela Universidade Europeia e Manuel Queiroz pela parte do CNID, enquanto João Pedro Monteiro sublinhou a importância do apoio da Câmara a iniciativas como esta. O moderador foi João Gomes Dias, jornalista da Antena Um Desporto.
Luís Miguel Henriques disse que o Jornalismo “se assumia como quarto poder, menos no desporto” porque “mesmo que não tenha acontecido nada, os jornais desportivos têm sempre páginas sobre os três grandes e até as televisões e as rádios garantem uma cobertura que não tem nenhuma outra empresa ou actividade”. Identificou assim a “monodependência” como um dos fatores da crise do Jornalismo desportivo, que se estende ao facto de se tratarem, não de jornais desportivos,” mas de jornais de futebol”. “A dependência de um só produto cria uma dependência nociva e perigosa”, agravada, disse, “pelo sistema de monofornecedor ou oligarcofornecedor” que são Benfica, Sporting e FC Porto. Outro problema é a diferença de valor entre a notícia e o comentário, com vantagem para o segundo. Na análise SWOT (Forças e oportunidades vs Fraquezas e ameaças) enumerou: a credibilidade do Jornalismo é uma força, a dependência/fragilidade económica é uma fraqueza, a oportunidade estará na diversificação e a ameaça ainda na dependência. Um problema é a falta de cultura desportiva em Portugal e os Media podem ter um investimento estratégico diversificando os conteúdos, ajudando do mesmo passo a “educar o leitor”. Um outro problema que pôs em evidência foi a falta de relação, em muitas modalidades não-futebol, com os jornalistas especializados.
Luís Miguel Henrique, o provocador
Para Luís Vilar, “o desporto não é sustentável sem o jornalismo” ainda que “alguns stakeholders só achem isso quando lhes convém”. Para o professor da Universidade Europeia, “o Jornalismo não existe para apoiar o desporto, isso é tarefa do Estado e dos patrocinadores”. Para ele “o grande desafio do Jornalismo é resistir aos poderes instalados mantendo o acesso à informação”. Exemplificou com o caso Fernando Santos/Femacosa/FPF. “Muitos de nós que comentamos nas televisões queríamos carregar nisso, mas a verdade é que a CMtv deu qualquer coisa e parou, na CNN idem”.