O primeiro dia do 85º Congresso da Associação Internacional da Imprensa Desportiva (AIPS), esta terça-feira, dia 9 de Maio, em Seul, ficou marcado pelo debate sobre a Inteligência Artificial e o Jornalismo.
Na segunda-feira houve o jantar de abertura que teve a presença de várias autoridades locais no Sofitel Ambassador da capital coreana, onde tudo se passa nestes dias – a reunião dos mais de 200 delegados representando os 160 países filiados na organização termina quinta de manhã.
Os palestrantes na sessão da tarde foram Ricardo Romani, que tem sido mentor dos alunos do e-college da AIPS, Vincent Amalvy, diretor de grandes eventos desportivos da Agência France Presse, e Mariagrazia Squicciarini, CEO e diretora da Unesco para as áreas de Ciências Humanas e Sociais convergiram na ideia dos perigos que os jornalistas enfrentam com estas novas ferramentas (perda de postos de trabalho) mas também as oportunidades (por exemplo, ser mais produtivo utilizando bem as ferramentas que existem). “Mas acabou a tecnofobia agora, temos que aceitar que precisamos da técnica e temos que trabalhar com a tecnologia”, disse Mariagrazia Squicciarini.
Romani avisa que, segundo alguns especialistas, já em 2025 um ‘bot’ poderia escrever 90% das notícias. Um ‘bot’, diminuitivo de ‘robot de internet’, é um software que executa tarefas repetitivas, pré-definidas com grande rapidez e que imitam o comportamento do usuário humano. Recordou que a IA existe há meio século e que muitos jornais a utilizam. Amalvy disse, por seu lado, que há sete anos a AFP utilizou uma ferramenta de IA para fazer um rápido sumário de um jogo de futebol que funcionou bem.
Para Romani, a diferença entre o homem e a máquina ‘é a credibilidade’. ‘A IA não pode coerentemente responder a perguntas básicas como quem foram as fontes, como tirou as conclusões”. Claro que os jornalistas humanos também têm defeitos, ´mas somos responsabilizáveis, reconhecemos os erros, corrigimo-los – o Jornalismo vive de credibilidade’. Amalvy sublinhou que a AFP tem mais de 100 jornalistas dedicados a procurar ‘fake news’ e eliminá-las – ‘mas é muito mais fácil produzir notícias mentirosas do que controlá-las’.
Para combater as ‘fake news’. Squicciarini socorreu-se do Código de Ética que a Unesco adoptou em 2021 e dos seus princípios fundamentais. melhorar o acesso à informação e ao conhecimento, respeitar e promover a liberdade de expressão e diversidade de pontos de vista, promoção da do conhecimento e da compreensão da IA e e da literacia de informação.
Como sempre, ‘a forma como utilizarmos a IA ´é que vau ditar se é um monstro ou um amigo’, disse Romani pegando no título do debate. Amalvy sublinhou como ‘grande parte do Jornalismo vai continuar a ser contacto humano+, perceber dramas, partilhar glórias e o fator humano será essencial. Mas Giani Merlo, presidente da AIPS, está menos otimista: “Temos que estudar, ter cuidado, porque as máquinas não têm sentimentos, mas já começam a ter qualquer coisa de diferente e isso ameaça a nossa profissão”.