Congresso AIPS (2): Sem consenso sobre moção da Ucrânia

Oleksandr Glyvynskyy (Ucrania)

O Congresso da AIPS Europa teve lugar terça de manhã numa das salas do Sofitel Ambassador e não foi possível chegar a um acordo sobre um texto proposto pela delegação ucraniana, chefiada por Oleksandr Glyvytskyy, em que se pretendia tomar posição contra a decisão do Comité Olímpico Internacional (COI) de recomendar às federações internacionais que acolhessem os atletas da Rússia e da Bielorrússia.

Houve uma grande divisão, com Holanda, Moldávia, Polónia e os países da zona a defenderem uma posição de apoio absoluto à moção proposta pelos ucranianos. Outros, como o CNID mas também franceses, húngaros e muitos outros a defenderem uma posição mais moderada. “Os atletas ucranianos vão boicotar os Jogos se houver atletas russos e bielorrusos”, disse Glyvynskyy a certa altura.

O presidente do CNID, depois de consultas à sua direção – também algo dividida – defendeu que, apesar da simpatia pela Ucrânia e da inaceitável atuação dos russos nesta guerra, “não faz muito sentido tomar posição política”. “Será que os meus colegas não vão entrevistar os atletas russos e bielorrussos que ganharem medalhas, nos Jogos e até para perguntar o que pensam da guerra?”. Propôs mesmo que a moção fosse de condenação da agressão russa, e votaria a favor.

Depois de um curto intervalo, o presidente da AIPS Europa, Charles Camenzuli (Malta) interveio para dizer que o melhor era que fosse feita uma versão mais curta da declaração ucraniana (que tinha duas páginas) e com ideias mais diretas. Mas 24 horas depois ainda não há documento feito e menos ainda aprovado.

De salientar que a AIPS, a associação que é o chapéu para todas as organizações nacionais de jornalistas desportivos, afastou do congresso a Rússia e a Bielorrússia. Nenhum desses países participou nos dois últimos congressos – Roma em outubro passado e agora Seul – embora não tenham sido formalmente expulsos da organização. Um dos principais dirigentes terá abordado a AIPS para saber se podiam aparecer no congresso. A resposta foi que não se pode impedir a ninguém que apareça na reunião, mas provavelmente vai-se sentir mal. E não apareceu.