Digitalização da Imprensa escrita em debate no TFS

Vitor Santos (O Jogo), Vitor Serpa (A Bola) e Vitor Pinto (Record) falaram da digitalização dos jornais desportivos num debate moderado pelo presidente do CNID no Thinking Football Summit no Porto (Fotos Liga Portugal)

Os desafios que a digitalização foram o tema do painel “A imprensa desportiva (escrita) e os desafios do futuro” que levou ao Thinking Football Summit do passado fim-de-semana no Porto, três dos mais reconhecidos jornalistas portugueses: Vitor Santos (Diretor de O Jogo), Vitor Serpa (antigo diretor de A Bola) e Vitor Pinto, subdirtor de Record. Manuel Queiroz, presidente do CNID, moderou o debate.

O palco “Academy” da Arena Super Bock – Pavilhão Rosa Mota, foi aquele que recebeu os jornalistas no sábado de manhã, dia 9, com uma plateia variada e com muita gente interessada, incluindo jornalistas estrangeiros  Vitor Serpa historiou um pouco do que foi A Bola até chegar ao presente, em que se encontra num difícil processo de reestruturação e já nas mãos dos novos proprietários, os suíços do Grupo Ringier – ou seja, ao fim de quase 80 anos, já que o jornal foi fundado em 1945, A Bola deixa de estar ligado a qualquer dos fundadores pela primeira vez.

“É um grupo muito grande e que se interessou por A Bola por dois motivos: pela penetração que tem nas comunidades portuguesas mas também pela penetração que tem nos países africanos de expressão portuguesa, o que para a estratégia do grupo é muito importante”, sublinhou Vitor Samtos. “A Bola, como estava, não podia continuar. Isso é seguro. Veremos se este é caminho certo, para já doloroso para muita gente, por via dos despedimentos e da reestruturação que estão a fazer, apostando sobretudo no digital. Saíram por exemplo todos os fotógrafos, menos um, e quando se pergunta quem vai tratar as imagens antes de poderem ser publicadas, a resposta que é dada é que o grupo tem uma empresa na Índia que faz isso sem qualquer problema e para todos os meios do grupo”. Há obviamente uma ideia de eficiência e de controlo de custos, mas isso era inevitável.

Ou seja, menos papel, mis digital, dentro do Grupo Ringier que se apresenta como uma Companhia para os Media, Mercados e Tech&Dados”, com mais de 150 empresas sob o seu domínio em várias áreas. Os suíços estão a fazer novas instalações muito modernas, disse Vítor Serpa, até porque compraram os títulos e a A Bola tv mas não o grande património edificado que o eng. Mário Arga e Lima foi adquirindo em nome do jornal ao longo dos anos de fartura. Vitor Serpa falou ainda da ideia dos suíços de os jornalistas serem capazes de trabalhar para qualquer plataforma, o que obriga a formação e a condições de trabalho que são diferentes daquilo que existe hoje.

Vitor Serpa a dar conta das mudanças que se estão a processar em A Bola

Vitor Pinto, subdiretor de Record, falou da complementaridade entre o papel e o digital e também da televisão, porque o jornal está inserido num grupo que tem s diversas plataformas que precisam de ser alimentadas. O Record tem procurado fazer isso, mantendo a qualidade e procurando encontrar o tal modelo de negócio que prolongue a sustentabilidade. Esse é o desafio”.

Para Vítor Santos, diretor de O Jogo há um desafio para os jornalistas que tem por base o número muito alto de jornalistas formados e que terão dificuldade em encontrar colocação. “Podem fazê-lo noutras atividades conexas, em empresas, em agências de counicação, isso sim”. Na sua visão, “o Jornalismo nunca irá acabar e nunca foi tão importante, até porque nunca fomos tão lidos e ouvidos como agora”  Repensar a relação com as redes sociais, é outro ideia que os Jornalistas vão ter que estudar, porque ainda não chegou a um patamar de evolução e as necessidades da formação são diferentes.

O Thinking Football Summit, em segunda edição, foi uma organização da Liga Portugal que teve rasgados elogios de todos os que participaram, pelo profissionalismo e pelo interesse dos temas propostos e discutidos ao longo de muitos painéis. Jogadores, treinadores, dirigentes, o lado do marketing e do mercado que tem que ser trabalhado pelos clubes e pelos restantes ‘stakeholders’ foram ideias repisadas outra vez. A terceira edição será na segunda semana de Setembro de 2024. .