Como é que o ministro que não levou nem Pelé nem Garrincha para o Sporting levou Portugal para o 25 de Abril

Nos 50 anos

do 25 de Abril,

desporto e mais… 

Por ANTÓNIO SIMÕES

Fora a última ronda de jogos para o Nacional da I Divisão sob ditadura – e, na primeira página de A BOLA do dia 22 de abril de 1974 – o título do comentário que Carlos Pinhão lhe fez foi: Aveiro voltou a deitar gasolina na fervura. A razão percebia-se logo no primeiro parágrafo: «Faltam três jornadas para o campeonato-que-parecia-estar-acabado-há-três-jornadas… Faltam três jornadas e há três clubes fortemente candidatos ao título e bastou, para tanto, que, ontem, em Aveiro o Sporting tivesse perdido um ponto…»

Não, não fora só um ponto que o Sporting perdera – também perdera Dinis, o seu azougado extremo: à meia-hora de jogo choque de cabeças com Baltazar (seu companheiro) atirou-o inconsciente para o pelado do Mário Duarte e Manuel Marques, massagista leonino, contou-o: «Só no início do segundo tempo começou a reagir, dizendo o seu nome e reconhecendo quem o rodeava».

Horas antes dos MFA se lançar à revolução de 25 de abril de 1974, Sporting afastado da final da Taça das Taças na Alemanha… comunista

Percebendo-lhe a gravidade do traumatismo craniano, despacharam-no de pronto numa ambulância dos Bombeiros Velhos de Aveiro para Lisboa – e não foi preciso lá chegar para se ficar com a certeza de que não poderia alinhar, na quarta-feira seguinte, na segunda mão das meias-finais da Taça das Taças, contra o Magdeburno, na RDA (que, por cá, não se tratava assim: República Democrática Alemã, tratava-se por Alemanha Oriental, a Alemanha comunista) – de lá voltando com o sonho perdido de se repetir a proeza que se conseguira sob presidência de Horácio Sá Viana Rebelo que, mesmo não conseguindo o que tentara: contratar Garrincha ou Pelé – conseguira conquistar a Taça das Taças de 1964 no encanto do cantinho de Morais.