
Manuel Queiroz entregou o troféu à neta de Joaquim Queirós, ele que foi o primeiro diretor do Presidente da Direção do CNID

Francisca Laranja recebeu o Prémio Carreira em nome do avô, Joquin Queirós, falecido no sábado, dia 24 de Maio – um grande momento da gala
Francisca Laranjo foi ao púlpito ler um texto sobre o avô, que ‘não quis passar sozinho o aniversário do casamento’.
O texto reza assim:
‘Avô
Estou hoje aqui para representar o meu avô.
Secalhar alguns já me conhecem por Francisca Laranjo, mas o meu nome é Francisca Castro Laranjo Queirós. Sou filha de dois jornalistas e neta do maior deles todos, o Joaquim Queiros.
Quero começar por agradecer este prémio em nome do meu avô. Sei que foi atribuído em vida e que era suposto ser uma surpresa. Infelizmente, o meu avô quis ir celebrar o aniversário de casamento com a minha avó. Nunca tinha celebrado na sua ausência, não ia ser agora. Partiu, depois de 91 anos de vida, mas deixou em todos nós uma parte de si. Moldou-nos e formatou-nos, e enquanto cá andarmos, também o meu avô andara.
Como dizia o meu tio, nestes últimos dias de dor, o meu avô morreu jornalista. Foi na sua casa que cresci. Confesso e sei que ele concorda, passei bem mais tempo com a minha avó. Pois, parece me que todos aqui sabem a razão. Porque o meu avô era jornalista, e todos nós deixamos a nossa vida de parte muitas vezes por esta paixão, que por vezes nem tem explicação.
Para quem não sabe, o meu avô foi um jornalista de mão cheia. Formou muitos, acreditou em outros tantos. Defendeu causas e nunca desistiu delas, até ao seu último suspiro. Defendeu a terra, e não podíamos ter sítio mais especial que este para a entrega deste prémio. Começou freelancer e acabou diretor de jornais. Dedicou a vida toda ao jornalismo. Sofreu e celebrou, sorriu e muito provavelmente até chorou. Não poderia ser de outra forma.
Obrigada por este reconhecimento. Falo com alegria deste prémio, mas com tristeza de não estar na plateia a ver mais uma conquista sua. Mas haverá maior conquista que estar a descansar com a minha avó? A mim parece me que não.
Sei que o meu avô não iria perder esta oportunidade para falar dos momentos difíceis que a nossa democracia enfrenta. Que não nos esqueçamos do passado, e que conservemos o que os outros conquistaram. Que o jornalismo prevaleça, que nunca fiquemos do lado errado da história. Como diz o ditado… dos fracos, não reza a história. E por isso cá estaremos. Irei lutar avô, isso posso garantir te.
A ti avô, obrigada. A tua partida é tão recente, e mesmo assim já fazes tanta falta. Mas hoje, mais uma vez, fica provado que impactaste tantas vidas, que não há como não te celebrar. Obrigada a todos e não me cansarei de agarrar todas as oportunidades para agradecer à equipa do Pedro Hispano que o acompanhou com todo a empatia e profissionalismo. Vocês fazem a diferenca.
Mais uma vez obrigada por este reconhecimento. Um último agradecimento ao CNID, que sempre lutou pelo jornalismo, e também a doutora Luísa Salgueiro. Agradeço-lhe como pessoa, e não como autarca. A política faz-se também de afetos. E a Luísa marca pela diferença nisso mesmo.’