Compromissos da Ética Desportiva

O Código de Ética Desportiva, ferramenta pedagógica que orienta a dimensão ética no desporto português, foi apresentado em público, no Museu do Desporto, há oito anos (10 Julho 2014).
O documento em apreço, iniciativa do PNED (Plano Nacional da Ética no Desporto) sob a tutela do IPDJ (Instituto Português do Desporto Juventude) propõe, aos vários agentes que interagem no ambiente desportivo, normas de boa conduta, sugere boas práticas e defende o respeito intransigente por valores e princípios do espírito desportivo.
O “Compromisso com a Ética no Desporto” é um registo inovador deste Código de Ética, para o desporto português, ao serem consignados 15 “compromissos”, para cada um dos agentes desportivos e para-desportivos, como sejam os casos relevantes da tutela, dos
praticantes, dos Pais e dos encarregados de Educação, das escolas e das universidades, dos professores.
E, é óbvio, os “compromissos” que envolvem treinadores, árbitros, juízes, cronometristas, médicos e outros agentes de saúde. E ainda, também, gestores e/ou dirigentes desportivos, promotores de espectáculos desportivos, empresários desportivos, confederações, federações, associações desportivas,  clubes desportivos, colectividades de Cultura e Recreio, adeptos( público em geral).

Compromisso da
Comunicação Social

Em síntese,este ítem sublinha : o”tratamento adequado” dos assuntos jornalísticos com “objectividade” e pressupondo a “igualdade de direitos e obrigações de todos os agentes desportivos, e dos grupos em que os mesmos se enquadrem”; alude a que” não se deve distorcer ou esconder informação, relevante, sobre factos que atentem contra a verdade desportiva”; estimula o” fomento e divulgação das boas práticas, no domínio da ética desportiva”, estendendo essa acção muito para além da competição desportiva, abrangendo, salienta, “todas as áreas da vida que directa ou indirectamente, se relacionem com o desporto”.
O Compromisso do Código de Ética Desportiva, reservado aos “Meios de Comunicação Social”, reporta com ênfase a preservação da “vida privada de todos os agentes desportivos” referindo, a propósito, a não divulgação de “dados ou informações que aos mesmos digam estritamente respeito” e apela à reposição “da verdade dos factos, quando incorrectamente divulgados” pelas formas “mais amplas e  eficazes possíveis”.
No termo do mesmo é sugerida, entretanto, a criação de um “Compromisso de Ética Desportiva que será subscrito pelos responsáveis das entidades detentoras dos meios de comunicação social e pelos seus colaboradores”

Uma ampla participação

Parte  substancial deste importante  documento foi sustentada pelo Código da Ética no Desporto do Conselho da Europa (1992),numa reunião que decorreu em Rhodes. Foi então incentivado que cada Estado-membro criasse o seu o seu próprio Código de Ética Desportiva.
Como aqui mesmo se refere ,Portugal criou o seu próprio código, no ano de 2014. Para bem do Desporto português, em particular, e da nossa sociedade, em geral, seria bom que a partir deste documento os nossos actos, gestos e atitudes passassem a reflectir uma vontade de regeneração total das más práticas que por aí proliferam, infelizmente!
De resto, para a construção deste edifício que afirma e prestigia a cidadania foi constituído um grupo de trabalho específico, que, numa primeira fase projectou um “draft” o qual foi posteriormente disponibilizado, para análise e sugestões, de um numeroso grupo de
personalidades e de instituições envolvidas no fenómeno desportivo.
Foi, assim, um processo amplamente participado.

MURILLO LOPES

Congresso AIPS (3): Estatutos aprovados

Os novos estatutos da AIPS foram aprovados em Seul com uma esmagadora maioria – 65 dos 68 países com capacidade de voto deram o sim. A NoNoruega levantou o problema de não estar prevista a limitação dos mandatos e Marc Ventouillac, o francês que é membro francês do Comité Executivo, fez alusão à necessidade de se pensar na sucessão do atual presidente, Giani Merlo, que vai nos 75 anos.

Ainda assim, o debate permitiu perceber que a grande maioria das associações nacionais era a favor dos novos estatutos, pelo que a aprovação foi a reação óbvia.

Giani Merlo com o presidente dos jornalistas desportivos da Ucrânia em Seul

O Congresso ouviu ainda várias apresentações de provas internacionais – a Uefa apresentou o Europeu na Alemanha com o slogan ‘Unidos no meio da Europa’, a Unesco fez uma apresentação em que sublinhou o facto de o futebol profissional ter que caminhar para a sustentabilidade. O Mundial feminino da Nova Zelândia e da Austrália também mereceu curiosidade dos congressistas (e Portugal vai estar pela primeira vez na competição).

O presidente da AIPS entregou também um troféu à associação dos jornalistas desportivos da Ucrânia. Giani Merlo garantiu que a AIPS sempre apoiou os colegas daquele país, vítima da agressão da Rússia, mostrando a solidariedade da organização  mundial. Oleksandr Glyvynskyy, por seu turno, agradeceu a distinção e formulou votos para que a Ucrânia tenha paz num futuro próximo.

Congresso AIPS (2): Sem consenso sobre moção da Ucrânia

Oleksandr Glyvynskyy (Ucrania)

O Congresso da AIPS Europa teve lugar terça de manhã numa das salas do Sofitel Ambassador e não foi possível chegar a um acordo sobre um texto proposto pela delegação ucraniana, chefiada por Oleksandr Glyvytskyy, em que se pretendia tomar posição contra a decisão do Comité Olímpico Internacional (COI) de recomendar às federações internacionais que acolhessem os atletas da Rússia e da Bielorrússia.

Houve uma grande divisão, com Holanda, Moldávia, Polónia e os países da zona a defenderem uma posição de apoio absoluto à moção proposta pelos ucranianos. Outros, como o CNID mas também franceses, húngaros e muitos outros a defenderem uma posição mais moderada. “Os atletas ucranianos vão boicotar os Jogos se houver atletas russos e bielorrusos”, disse Glyvynskyy a certa altura.

O presidente do CNID, depois de consultas à sua direção – também algo dividida – defendeu que, apesar da simpatia pela Ucrânia e da inaceitável atuação dos russos nesta guerra, “não faz muito sentido tomar posição política”. “Será que os meus colegas não vão entrevistar os atletas russos e bielorrussos que ganharem medalhas, nos Jogos e até para perguntar o que pensam da guerra?”. Propôs mesmo que a moção fosse de condenação da agressão russa, e votaria a favor.

Depois de um curto intervalo, o presidente da AIPS Europa, Charles Camenzuli (Malta) interveio para dizer que o melhor era que fosse feita uma versão mais curta da declaração ucraniana (que tinha duas páginas) e com ideias mais diretas. Mas 24 horas depois ainda não há documento feito e menos ainda aprovado.

De salientar que a AIPS, a associação que é o chapéu para todas as organizações nacionais de jornalistas desportivos, afastou do congresso a Rússia e a Bielorrússia. Nenhum desses países participou nos dois últimos congressos – Roma em outubro passado e agora Seul – embora não tenham sido formalmente expulsos da organização. Um dos principais dirigentes terá abordado a AIPS para saber se podiam aparecer no congresso. A resposta foi que não se pode impedir a ninguém que apareça na reunião, mas provavelmente vai-se sentir mal. E não apareceu.

Congresso AIPS (1) : IA pode ser um amigo

O primeiro dia do 85º Congresso da Associação Internacional da Imprensa Desportiva (AIPS), esta terça-feira, dia 9 de Maio, em Seul, ficou marcado pelo debate sobre a Inteligência Artificial e o Jornalismo.

Na segunda-feira houve o jantar de abertura que teve a presença de várias autoridades locais no Sofitel Ambassador da capital coreana, onde tudo se passa nestes dias – a reunião dos mais de 200 delegados representando os 160 países filiados na organização termina quinta de manhã.

Os palestrantes na sessão da tarde foram Ricardo Romani, que tem sido mentor dos alunos do e-college da AIPS, Vincent Amalvy, diretor de grandes eventos desportivos da Agência France Presse, e Mariagrazia Squicciarini, CEO e diretora da Unesco para as áreas de Ciências Humanas e Sociais convergiram na ideia dos perigos que os jornalistas enfrentam com estas novas ferramentas (perda de postos de trabalho) mas também as oportunidades (por exemplo, ser mais produtivo utilizando bem as ferramentas que existem). “Mas acabou a tecnofobia agora, temos que aceitar que precisamos da técnica e temos que trabalhar com a tecnologia”, disse Mariagrazia Squicciarini.

Romani avisa que, segundo alguns especialistas, já em 2025 um ‘bot’ poderia escrever 90% das notícias. Um ‘bot’, diminuitivo de ‘robot de internet’, é um software que executa tarefas repetitivas, pré-definidas  com grande rapidez e que imitam o comportamento do usuário humano. Recordou que a IA existe há meio século e que muitos jornais a utilizam. Amalvy disse, por seu lado, que há sete anos a AFP utilizou uma ferramenta de IA para fazer um rápido sumário de um jogo de futebol que funcionou bem.

Para Romani, a diferença entre o homem e a máquina ‘é a credibilidade’. ‘A IA não pode coerentemente responder a perguntas básicas como quem foram as fontes, como tirou as conclusões”. Claro que os jornalistas humanos também têm defeitos, ´mas somos responsabilizáveis, reconhecemos os erros, corrigimo-los – o Jornalismo vive de credibilidade’. Amalvy sublinhou que a AFP tem mais de 100 jornalistas dedicados a procurar ‘fake news’ e eliminá-las – ‘mas é muito mais fácil produzir notícias mentirosas do que controlá-las’.

Para combater as ‘fake news’. Squicciarini socorreu-se do Código de Ética que a Unesco adoptou em 2021 e dos seus princípios fundamentais. melhorar o acesso à informação e ao conhecimento, respeitar e promover a liberdade de expressão e diversidade de pontos de vista, promoção da do conhecimento e da compreensão da IA e e da literacia de informação.

Como sempre, ‘a forma como utilizarmos a IA ´é que vau ditar se é um monstro ou um amigo’, disse Romani pegando no título do debate. Amalvy sublinhou como ‘grande parte do Jornalismo vai continuar a ser contacto humano+, perceber dramas, partilhar glórias e o fator humano será essencial. Mas Giani Merlo, presidente da AIPS, está menos otimista: “Temos que estudar, ter cuidado, porque as máquinas não têm sentimentos, mas já começam a ter qualquer coisa de diferente e isso ameaça a nossa profissão”.

 

Ricardo Romani na sua apresentação sobre Inteligência Artificial e Jornalismo no primeiro dia do 85º Congresso da AIPS em Seul – AIPS Seul 2023

 

 

 

 

CNID no 85º Congresso da AIPS em Seul

O CNID estará representado pelo seu presidente no 85º Congresso da ASIPS (Associação Internacional da Imprensa Desportiva) que se realiza quarta e quinta-feira em Seul, com organização da associação dos Jornalistas Desportivos da Coreia do Sul.

Manuel Queiroz parte este domingo, dia 7, para a capital coreana de forma a integrar também os trabalhos da Comissão de Finanças, à qual pertence desde fevereiro passado.

Este ano o Congresso será marcado pela discussão de novos estatutos, depois de um aturado e longo trabalho de preparação. Um dos tópicos a ser discutido será  a Inteligência Artificial, que pode tornar-se um monstro ou um amigo dos jornalistas. As dificuldades da generalidade da Imprensa mundial após a pandemia será outro tema sobre o qual os congressistas irão falar. O Programa de Jovens Repórteres, de que têm beneficiado também vários jovens jornalistas portugueses, é outro tema, tal como os Prémios da AIPS.

Prémios “Desporto com Ética” entregues em Guimarães

Murillo Lopes entregou prémio a Vítor Santos do “Magazine Serrano”

O secretário-geral Murillo Lopes e o presidente Manuel Queiroz representaram o CNID na cerimónia que marcou a entrega dos Prémios do PNED ‘Jornalismo com Ética’ realizada quarta-feira à tarde, dia 3 de maio, no auditório do pólo de Guimarães da Universidade do Minho, em Azurém, a que presidiu o secretário de Estado do Desporto, João Paulo Correia. Entre os presentes estava Carlos Pereira, a representar o Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) e José Carlos Lima, coordenador do PNED. 

Esta 11ª edição dos prémios do PNED – Plano Nacional da Ética no Desporto, que conta desde o início com a colaboração do CNID – Associação dos Jornalistas de Desporto, teve como júri Murillo Lopes, que presidiu, Santos Neves e Fernando Guerra. A entrega dos prémios verificou-se desta vez em cerimónia autónoma (e não na Gala do CNID, como é costume) porque o Governo ‘quis valorizar a importância destes prémios’ e incluiu-o na ação ‘Governo + próximo’ que decorreu por estes dias no distrito de Braga.

A foto de família: Pedro Cadima (A Bola/O Jogo), Ana Tulha (Notícias Magazine), Murillo Lopes, Manuel Queiroz, Vítor Santos (“Magazine Serrano”), Marina Guerra (“Região de Leiria”), Rodrigo Coimbra (“Zerozero”),  Emanuel Pereira (“As Beiras”), João Paulo Correia, Nelson Felgueiras (Vereador do Desporto da CM Guimarães), Carlos Pereira (IPDJ) e José Carlos Lima (PNED).

Perante uma plateia composta maioritariamente por autarcas, jornalistas e autoridades escolares, além da campeoníssima Rosa Mota e de Esmeralda Gonçalinho (responsável pelo secretariado do prémio), o presidente do CNID lembrou a “feliz coincidência” de a cerimónia se realizar a 3 de Maio, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, e considerou que o jornalismo exige duas condições, “Ética e Independência”. Por isso os prémios PNED têm mais razões de ser. “Não há Jornalismo sem ética e a independência é uma das bases do Jornalismo e, necessariamente, das organizações de Jornalistas como o CNID”. E acrescentou: “Há algumas vozes, que felizmente não chegam ao céu, que põem em causa a independência do CNID, mas ela é atestada felizmente todos os dias, com o tem que ser”.

.João Paulo Correia enalteceu o valor deste prémio e o interesse da ligação com uma organização como o CNID, garantindo depois que o Governo tudo tem feito e fará  para que o desporto se desenrole nas melhores condições, evitando a violência e sempre seguindo as regras do ‘fair-play’.  

Emanuel Pereira, no jornal ‘As Beiras’, e Ana Tulha, da ‘Notícias Magazine’, foram os grandes vencedores dos Prémios de 2023 cuja lista oficial foi a seguinte:

Lista de Distinções:

Imprensa Regional

1º Prémio

Texto:    “Jovens afegãs encontraram na Académica um mundo mais feliz

Autor:    Emanuel Pereira

Publicado em: jornal “As Beiras”

2º Prémio

Texto:    “Carta de um jovem atleta a seu pai

Autor:    Vitor Santos

Publicado em: jornal “Magazine Serrano”

3º Prémio

Texto:    “Quanto mais correm, rematam, nadam e apitam…

Autor:    Marina Guerra

Publicado em: jornal “Região de Leiria”

Menções Honrosas

No desporto profissional o exemplo raramente vem de cima“, da autoria de Ana Ribeiro Rodrigues e publicado no jornal “Notícias da Covilhã”;

Cestos que ficam para a vida“, da autoria de Hugo Filipe Santos e publicado no jornal “Diário de Aveiro”;

Isto (sim) é futebol“, da autoria de Carlos Pinto e publicado no jornal “Sudoeste”.

 

Imprensa Desportiva e/ou na Imprensa Generalista

1º Prémio

Texto:    “Campeões do mundo de andebol (as cadeiras de rodas são um parêntese)

Autor:    Ana Tulha

Publicado em: revista “Notícias Magazine”

2º Prémio

Texto: “Auxílio às jogadoras afegãs parou com a guerra na Ucrânia

Autor: Pedro Cadima

Publicado em: jornal “A Bola”

3º Prémio

Texto: “Ética e valores no desporto

Autor: César Santos, Daniel Leal, João Tinoco, Marina Faria e outros

Publicado em: revista “SportMagazine – Revista de Treino Desportivo”

Menções Honrosas:

No bairro da Urmeira o amanhã nasceu de uma barraca“, da autoria de Diogo Cardoso Oliveira e publicado no jornal “Público”;

Ainda estou vivo, sobrevivi!”: a história do refugiado gambiano que já faz golos em Portugal“, da autoria de Rodrigo Coimbra e publicado no “ZeroZero.pt”;

Uma “grande equipa” feita de liberdade“, da autoria de Pedro Barata e publicado no jornal “Expresso”.

 

CNID encerrado no dia 24

Na próxima segunda-feira, dia 24 de Abril de 2023, véspera do feriado, e por decisão da direção, os serviços do CNID estarão encerrados, fazendo a ponte com o Dia da Liberdade. Os serviços reabrem no dia 26, a partir das 14h30.