Os árbitros trataram o seu presidente como «colonialista assassino», ele demitiu-se e só depois mandou «pôr bombas»…

Nos 50 anos

do 25 de Abril,

desporto e mais… 

Por ANTÓNIO SIMÕES

Ao cimo da primeira página de A BOLA do dia 4 de maio de 1974 (sob foto dele como aluno do Instituto Nacional de Educação Física) exaltava-se o almirante Pinheiro de Azevedo como «homem da Junta e do Desporto» por formar, com António de Spínola na sua presidência, a Junta de Salvação Nacional (que saíra do golpe militar de 25 de Abril). Em destaque menor se dava notícia, numa das páginas interiores, do destino a que se forçara o presidente da Comissão Central de Árbitros (de Futebol) também que não tardaria tratado (pelos árbitros e não só) como «colonialista assassino»: o Capitão de Mar e Terra, Guilherme de Alpoim Calvão…

A Comissão de Árbitros (para defesa da classe) formada por Joaquim Campos, António Garrido, Ismael Baltasar, Adelino Antunes e Sebastião Pássaro (eleita dias antes) não perdeu tempo a enviar a essa Junta de Salvação Nacional (com Pinheiro de Azevedo que já então tinha um sobrinho-neto chamado Bruno de Carvalho, esse mesmo que haveria de ser presidente do Sporting) um telegrama que era mais do que manifesto (em tom revolucionário): «Os árbitros de futebol saúdam V. Exas, assim como as gloriosas Forças salvadoras da Pátria – e nesta hora de júbilo nacional estão frontalmente ao lado do Movimento das Forças Armadas. Mais solicitam a V. Exas a demissão imediata do presidente da Comissão Central dos Árbitros de Futebol, elemento imposto aos mesmos e da confiança do regime cessante.»

Ao sabê-lo, em sua defesa (e na defesa da sua posição) Alpoim Calvão ripostou de pronto:

Como se sabe, os árbitros não vêm elegendo os seus dirigentes, pelo que fui nomeado e não eleito. Houve, naturalmente, quem concordasse e quem discordasse. E, para não criar problemas à causa da arbitragem, já que a minha permanência no cargo poderia dar origem a casos que teriam de cair sob a alçada disciplinar, decidi dar um passo atrás, renunciando ao cargo. Continuo, porém, na presidência da Federação Portuguesa de Remo, já que aí fui eleito pelos clubes e não nomeado.

CNID em serviços mínimos na semana de 10 a 13 junho

Os serviços do CNID – Associação dos Jornalistas de Desporto vão estar reduzidos na semana de 10 a 13 de junho devido ao plano de férias. Dia 14 sexta-feira, já terá o funcionamento normal.

Trata-se de uma semana já de si atípica porque tem um feriado nacional e um feriado regional em Lisboa (10 e 13) e o CNID terá a sua sede fechada.
É óbvio que as questões que possam surgir via site ou mail terão uma resposta, mas eventualmente com atraso em relação ao que é habitual.

Contamos com a compreensão dos nossos sócios e de todos os que precisem de nos contactar para que não haja problemas de maior.

 

Como é que o ministro que não levou nem Pelé nem Garrincha para o Sporting levou Portugal para o 25 de Abril

Nos 50 anos

do 25 de Abril,

desporto e mais… 

Por ANTÓNIO SIMÕES

Fora a última ronda de jogos para o Nacional da I Divisão sob ditadura – e, na primeira página de A BOLA do dia 22 de abril de 1974 – o título do comentário que Carlos Pinhão lhe fez foi: Aveiro voltou a deitar gasolina na fervura. A razão percebia-se logo no primeiro parágrafo: «Faltam três jornadas para o campeonato-que-parecia-estar-acabado-há-três-jornadas… Faltam três jornadas e há três clubes fortemente candidatos ao título e bastou, para tanto, que, ontem, em Aveiro o Sporting tivesse perdido um ponto…»

Não, não fora só um ponto que o Sporting perdera – também perdera Dinis, o seu azougado extremo: à meia-hora de jogo choque de cabeças com Baltazar (seu companheiro) atirou-o inconsciente para o pelado do Mário Duarte e Manuel Marques, massagista leonino, contou-o: «Só no início do segundo tempo começou a reagir, dizendo o seu nome e reconhecendo quem o rodeava».

Horas antes dos MFA se lançar à revolução de 25 de abril de 1974, Sporting afastado da final da Taça das Taças na Alemanha… comunista

Percebendo-lhe a gravidade do traumatismo craniano, despacharam-no de pronto numa ambulância dos Bombeiros Velhos de Aveiro para Lisboa – e não foi preciso lá chegar para se ficar com a certeza de que não poderia alinhar, na quarta-feira seguinte, na segunda mão das meias-finais da Taça das Taças, contra o Magdeburno, na RDA (que, por cá, não se tratava assim: República Democrática Alemã, tratava-se por Alemanha Oriental, a Alemanha comunista) – de lá voltando com o sonho perdido de se repetir a proeza que se conseguira sob presidência de Horácio Sá Viana Rebelo que, mesmo não conseguindo o que tentara: contratar Garrincha ou Pelé – conseguira conquistar a Taça das Taças de 1964 no encanto do cantinho de Morais.

Presidente da FPF faltou à primeira Taça de Portugal em democracia por estar a defender um preso político…

Nos 50 anos

do 25 de Abril,

desporto (e mais…)

Por ANTÓNIO SIMÕES

Cabendo, como é da tradição, a Marcelo Rebelo de Sousa entregar da Taça de Portugal de 2023/2024 a Pepe – fê-lo com circunstância que se vira há 50 anos: sentado nos cadeirões da Tribuna de Honra, desta feita, também esteve Luís Montenegro, o Primeiro Ministro que se sabe adepto do FC Porto.

António Oliveira Salazar nunca se dera a tal, Marcello Caetano também não – o Marechal Óscar Carmona e o Almirante Américo Tomás sim: era a eles que, estando em pompa e circunstância, na Tribuna de Honra do Estádio Nacional, cabia, como presidentes da República, consagrar os vencedores da Taça de Portugal. Só que, dessa vez, com Portugal a viver ainda a euforia e o frenesim da democracia conquistada a 25 de abril de 1974, ao PR lá se juntou o Primeiro-Ministro (que deixara de ser tratado como o fora durante os últimos 48 anos: Presidente do Conselho) – e insólito foi que só lá não estivesse o Presidente da Federação Portuguesa de Futebol…

Por baixo de foto de Vítor Damas com a Taça de Portugal ao alto entre ambas as mãos em que Nuno Ferrari apanhava também o sorriso aberto de António de Spínola e o ar circunspeto de Adelino da Palma Carlos, a manchete de A BOLA desse dia 10 de junho de 1974 era um elogio a rasgar-se no seu clamor: «Sporting a ganhar tudo, como no tempo dos Violinos». Sim, já vencera o primeiro campeonato fechado em democracia – e, ao Benfica conquistou a primeira Taça de Portugal fora da ditadura, a Taça que começara com Eusébio (atirado para o banco, tal como já acontecera nos jogos anteriores com o Farense e o FC Porto) a distribuir cravos vermelhos aos elementos da Banda da Marinha que ao Jamor foram tocar o Hino Nacional, enquanto outros jogadores (e os árbitros também) andaram em virote a atirar cravos às mãos do povo…

NA RTP ESPETÁCULO INTERROMPIDO, NO JAMOR SPORTINGUISTA IRRITADO POR LHE CHAMAREM «LADRÃO DE CASSETES»

A RTP transmitiu o jogo em direto – e horas depois um outro direto colocou Portugal em maior rebuliço do que o rebuliço que se vira no Jamor: estando a transmitir em a Ceia II do Mercado do Povo, espetáculo teatral da Comuna, Mariz Fernandes, delegado da Junta de Salvação Nacional, mandou interrompê-lo porque caricaturava de «forma abusiva» figuras do regime deposto, ofendia a memória do Cardeal Cerejeira e os «sentimentos católicos do povo» – e os comunistas, mais ou menos insinuantes, logo acusaram Spínola (e Palma Carlos) de «reacionarismo» (ou pior…), falando de censura como na «longa noite do fascismo».

Gala em Viseu (8): Carlos Lopes, Rosa Mota e Inês Barros

Carlos Lopes foi o último a ser distinguido, logo a seguir a Inês Barros, a Atleta do Ano 2023-24 para o CNID, já que é a primeira portuguesa a conseguir a qualificação para os Jogos Olímpicos na modalidade de Tiro com Armas de Caça. A atleta de Penafiel, que veste a camisola da Associação de Caçadores do Alto Tâmega, teve uma merecida homenagem e esteve no palco com o campeoíssimo Carlos Lopes e também com o presidente da Câmara de Viseu fernando Ruas.

Carlos Lopes foi o último a ir ao palco receber o Prémio de Mérito Internacional nos 40 anos da Medalha de Los Angeles que passam precisamente este ano

 

Inês Barros, da Associação de Caçadores do Alto Tâmega foi a Atleta do Ano por ser a primeira mulher a chegar aos Jogos no Tiro com Armas de Caça

Paulo Sousa, vencedor de duas Ligas dos Campeões como jogador, treinador já de créditos firmados, viseense ilustra, recebeu o Troféu Reconhecimento

Carlos Marta já teve várias vidas – foi o ‘Águas’ do Académico de Viseu que marcou um célebre golo da vitória em Alvalade, foi deputado, foi presidente da Câmara de Tondela e dirigente desportivo. Foi distinguido com o Troféu Reconhecimento

João Cavaleiro, antigo jogador e treinador, homem de Viseu, homem do futebol e do desporto, também foi distinguido com o Troféu Reconhecimento

José Couceiro representou a Federação Portuguesa de Futebol

Carlos Lopes cumprimenta Fernando Ruas – muito Viseu nesta foto simples)

José Manuel Lourenço, presidente do Comité Paralímpico, a campeoníssima Rosa Mota e Ulisses Pereira, que esteve em representação do Comité Olímpico, como esteve Paulo Ferreira, presidente da Federação de Motonáutica, ou Rita Rolo da Entidade Reguladora da Comunicação (ERC)

Filipa Pereira fez questão de se fotografar com Ribeiro Cristovão, um colega (na SIC) um pouco mais velho

 

Gala em Viseu (7): os Jornalistas

Os prémios para os Jornalistas são sempre um dos grandes momentos da festa e, como sempre, nenhum dos distinguidos faltou. Ribeiro Cristóvão, 84 anos, mostrou a jovialidade de sempre ao receber o Prémio Carreira, David Novo e Fernando Eurico sublinharam a importância de receber estes Prémios CNID, até porque vem dos seus pares profissionais, Rita Silva Vieira (Prémio Revelação Vítor Santos) não deixou de mencionar os problemas que o seu grupo, Global, passou este ano e que ainda não estão completamente regularizados do ponto de vista salarial, enquanto os homens do Zerozero, pelo contrário, puderam colocar em evidência que a empresa tem crescido em número de jornalistas ao longo dos anos.

Octávio Passos (Getty Images) recebeu o Prémio Fotojornalismo e agradeceu a todos os que o ajudaram na carreira, desde o Funchal, cidade onde nasceu. Um fotógrafo jovem e de grande valia.

Deixa-se a seguir o texto que a Filipa Pereira leu no momento do agradecimento, pela sua importância:

“Só percebi a importância que (o prémio) tinha para mim hoje. Quando o recebi. Sobretudo depois de um ano tão difícil, de renascimento..
Agradecer ao CNID o prémio Televisão 2024, quando estou prestes a completar 20 anos de profissão e num ano em que partilho o momento com o António Ribeiro Cristóvão. É uma honra.
Há pessoas que não posso deixar de nomear: o meu primeiro editor e grande impulsionador António Cancela – nunca esquecerei -, a minha companheira e chefe de sempre, Elisabete Marques, o meu diretor Ricardo Costa e este ano particularmente, e porque teve um papel marcante numa mudança muito importante da minha vida pessoal e profissional, o Pedro Cruz (falecido recentemente) . Não esqueço os amigos ou colegas que se juntam a mim neste momento de satisfação.
Por fim e mais importante, a minha família. A família que me formou e me ajudou a chegar aqui – o meu pai, a minha mãe, a minha irmã.
E o meu marido Alexandre Carvalho e os meus filhos.
Foi curiosamente no momento em que fui mãe que me senti mais confiante e forte para lutar pelo que quero. Não sem grande sacrifício de todos, mas juntos, mesmo nos momentos em que não estamos fisicamente próximos, somos mais fortes. Este prémio é nosso.
Finalmente uma reflexão.
Reparei que este prémio tem sido atribuído nos últimos anos a mulheres, algumas com longa carreira no jornalismo desportivo. Éramos muito poucas quando comecei há 20 anos. Crescemos sem dúvida em número, mas ainda temos um longo caminho a percorrer para deixarmos de ser uma espécie de corpo estranho nesta mini comunidade.
Aliás, este é um momento difícil para o jornalismo, o jornalimo televisivo e o jornalismo desportivo em particular. Vou lutar sempre para que deixe de ser olhado como um parceiro menor na classe e, sobretudo, para que voltemos a ser olhados com a dignidade, a credibilidade e o respeito de outros tempos. Pelo público e pelos protagonistas.
Não deixemos que nos tentem transformar em pontes sem cancelas.
Obrigada.

Ribeiro Cristóvão – Prémio Carreira David Sequerra, um dos grandes comunicadores portugueses, da Rádio Renascença e depois das televisões RTP e SIC

Filipa Pereira (SIC), recebeu o Prémio Televisão Alves dos Santos, falou da importância das mulheres no Jornalismo desportivo

Luís Rocha Rodrigues foi receber o Prémio Jornalismo Online em nome do zerozero.pt com Pedro Jorge Cunha e Humberto Ferreira

Rita Silva Vieira (O Jogo),Prémio Revelação Vitor Santos, cujo talento vai da escrita ao podcast, num claro sinal dos novos tempos do JornalismoFernando Eurico (Antena 1) foi distinguido com o Prémio Rádio Artur Agostinho, ele que é um dos profissionais mais capazes e diversificados da rádio portuguesa

Octávio Passos (Getty Images) – Prémio Fotojornalismo Nuno Ferrari, foi dele a foto de capa do diário espanhol Marca no dia a seguir ao Sporting Braga-Real Madrid

David Novo (Record), Prémio Imprensa Escrita Neves de Sousa, também ele um Jornalista multiplataforma, no Jornal, no site, na TV, com grande capacidade de adaptação

Gala de Viseu (6): homenagem a Jornalistas da região

Em Viseu sempre houve Jornalistas e Jornalismo de qualidade. Muitos deixaram a região (José Alberto Carvalho, Paulo Ferreira, Andreia Sofia Matos e outros que nem cabem aqui), mas tem nomes históricos que o CND – Associação dos Jornalistas de Desporto quis distinguir.

Silvino Cardoso, que foi sobretudo correspondente do JN durante quatro décadas (e de outras publicações) foi distinguido com o Troféu Colaborador), ele que é um veterano da profissão e hoje está ligado ao Diário de Viseu. Ajudou a homenagear Anacleto Pinto, grande atleta do Sporting que também era da zona de Viseu, ajudou a fundar o piimeiro clube de futebol feminino sénior da AF Viseu, concluiu uma investigação que prova que Lucinda Lopes foi a primeira mulher-árbitro da Europa e é sócio de mérito da Associação de Atletismo de Viseu.

Carlos Bergeron, sempre bem disposto, também trabalhou para muitas publicações, nomeadamente O Jogo. Veteraníssimo de jornais, teve grande importância na implantação do primeiro diário desportivo, O Jogo, em toda a região.

José Alberto Marques, mais novo do que os anteriores, também esteve ligado ao jornalismo pela Rádio Renascença, Rádio Clube do Interior, Record e Correio da Manhã, para além de mita atividade ligada diretamente a associações desportivas da região, nomeadamente arbitragem.

Silvino Cardoso, correspondente do JN em Viseu durante décadas, recebeu o troféu que distingue a mítica figura do colaborador ou correspondente

Carlos Bergeron, veterano do Jornalismo de Viseu, muito importante na implantação de O Jogo em toda a região

José Alberto Marques, muito ligado ao atletismo, é também homem do Jornalismo